Antônio Carlos Azevedo de Menezes

Chamado de “pai dos pobres” pelos seus funcionários, Antônio Carlos Azevedo de Menezes – pernambucano da cidade de Recife – foi um dos proprietários da fábrica construída por Delmiro Augusto da Cruz Gouveia. Sucedendo seu pai, Vicente Lacerda de Menezes, permaneceu na administração da Fábrica da Pedra por décadas.

Conforme consta na obra “Delmiro Gouveia O Pioneiro de Paulo Afonso”:

“Em 1929, a empresa pernambucana Menezes Irmãos & Cia, adquiriu a fábrica de tecidos, cabendo aos irmãos industriais Luiz e Vicente Lacerda de Menezes dirigir a Cia Agro Fabril Mercantil. Eles eram filhos do engenheiro Carlos Alberto de Menezes, fundador da Fábrica de
Tecidos de Camaragibe. Luiz ficou na direção da empresa até 1941, quando passou a função para Vicente. O jovem ANTONIO CARLOS DE MENEZES, filho de Vicente, frequentou cursos de fiação e tecelagem nos Estados Unidos e em junho de 1947 foi escolhido diretor técnico da Cia Agro Fabril Mercantil, e em um ano e meio depois foi indicado presidente. O final da história muitos se lembram, Antônio Carlos na década de 1980 tirou a própria vida.” (ROCHA, Tadeu, 1963).

Além disso, apesar de residir em Recife, Antônio Carlos visitava o seu negócio em média a cada 45 dias. O barulho dos motores do seu avião sobrevoando a cidade de Delmiro Gouveia – AL, anunciava à sua chegada. Pouco tempo depois, já se ouvia os passos firmes do seu andar pelos setores da fábrica a se inteirar de tudo para as devidas providencias administrativas. Inclusive, ele fazia questão de trazer junto ao peito seu crachá com o nº de matrícula 0029 para dar o exemplo de como deveriam se portar os funcionários de sua empresa. Além disso, sua presença era marcante desde seu porte físico até as vestimentas. Geralmente vestia roupas em tons claros, de preferência bege.

A família Menezes fez história em Delmiro Gouveia, registros dessa época foram deixados por toda cidade, na memória dos delmirenses, nas boas recordações dos ex-funcionários da primeira indústria do Sertão que foi, por 103 anos, vetor de desenvolvimento da região do baixo São Francisco. Na época, a Cia Agro Fabril Mercantil dispunha de boa parte da mão-de-obra sertaneja, já que grande parte dos
delmirenses trabalharam ou tiveram algum familiar que trabalhou na fábrica.

Importantes edificações homenageando membros da família Menezes permanecem vivas nas lembranças da sociedade delmirense, tais como: o Colégio Estadual Luís Augusto Azevedo de Menezes, o Estádio de Futebol Fernando José de Menezes, o Clube Vicente Lacerda de Menezes, o Colégio Cenecista Vicente Lacerda de Menezes, a Área de Lazer Antônio Carlos de Menezes, conhecida como “piscina da fábrica” e a
escolinha da fábrica, a Escola Natércia Serpa de Menezes.

Por fim, não é à toa que Antônio Carlos ainda é lembrado com tanto carinho pelos ex-funcionários da fábrica. No ano de 1983, antes de cometer suicídio, ele deixou uma carta com o seguinte teor: “peço encarecidamente às autoridades do meu país que não
permitam que os operários e funcionários desta empresa passem por privações”, demonstrando que até o último momento, preocupava-se com cada um daqueles que trabalhavam na Fábrica da Pedra.

Portanto, como reconhecimento pela sua história, em 25 de março de 2021, o Shopping da Vila – em sua inauguração – o homenageou com uma escultura de bronze colocada defronte da antiga fachada histórica, juntamente com os outros grandes empreendedores: Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, Ivan Müller Botelho e Carlos Benigno Pereira de Lyra Neto.

Iniciativas como essas revelam o compromisso da família Lyra com a manutenção do patrimônio histórico-cultural e, sobretudo, com o desenvolvimento econômico e social do povo sertanejo.