Delmiro Augusto da Cruz Gouveia

Delmiro Augusto da Cruz Gouveia nasceu em Ipu – Ceará, em 1863. Filho do Major Delmiro Porfírio de Farias, e da senhora Leonila Flora da Cruz Gouveia.

Aos cinco anos de idade, Delmiro perde seu pai em combate na Guerra do Paraguai (1867_. Órfão, Delmiro, a irmã e a mãe partem para Pernambuco, fixando residência primeiro em Goiana e, quatro anos depois, seguem para Recife.

E é na capital pernambucana que o cearense de Ipu começa a sua vida profissional. No início, ainda adolescente, trabalhou na função de bilheteiro de estação ferroviária e depois como despachante no porto da cidade do frevo. Porém, o empreendedorismo nato, logo o levou para o mundo dos negócios.

Em 1883, na flor da idade, aos 22 anos, surge a oportunidade que ele precisava para firmar relações com negociantes do ramo de couros oriundos dos sertões nordestinos. Nessa época, Delmiro Gouveia aceita trabalhar por comissão em cima das vendas. Assim como resolve negociar nesse ramo por conta própria. O sucesso foi tanto que em menos de dez anos de atividade Delmiro já era conhecido como o “rei das peles.”

O rei das peles não contentou-se, pois expandir seus negócios era a meta. Desse modo, foram conquistas atrás de conquistas, firma atrás de firma, empresa atrás de empresa. Como exemplo podemos citar a firma Levy e Cia, que comprava couros e peles de ovinos/caprinos para exportar para fora do país; a Usina Beltrão, empresa de refino de açúcar, entre outras. No entanto, daremos maior destaque ao mercado do Derby, construído em 1888, e que é considerado até os dias de hoje por pesquisadores da história de Delmiro o primeiro shopping center do Brasil.

Segundo os historiadores, os argumentos que sustentam a defesa de que o mercado do Derby pode ser considerado o primeiro shopping center dos brasileiros é o fato dele se assemelhar ao modelo de negócio (shopping) que hoje se conhece, isto é, um só local no qual se encontra uma diversidade de lojas e atrações.

O pesquisador Edvaldo Nascimento, por exemplo, diz que o Derby foi o primeiro estabelecimento comercial da capital pernambucana com energia elétrica, que vendia produtos pela metade do preço e que funcionava 24 horas por dia. Além de contar com hotel, parque de diversão e restaurante. (Revista O Empreendedor).

No entanto, foi em Alagoas que Delmiro Augusto da Cruz Gouveia entrou para a história como um dos maiores empreendedores que esse Brasil já teve. Foi no sertão de Alagoas – na divisa com Sergipe, Pernambuco e Bahia – que ele se consagra como o pioneiro da eletrificação, pois construiu na cachoeira de Paulo Afonso a primeira Usina Hidroelétrica do Nordeste e segunda maior da América Latina.

Fonte: Maria Edilene Vieira Nunes

Delmiro Gouveia é uma dessas figuras as quais se diz popularmente que “soube viver bem a vida”.

Estudiosos dizem que Gouveia ao longo dos seus 54 anos de idade, tentou aproveitou cada oportunidade que a vida lhe deu e tudo que ia aprendendo, quando oportuno, tentava colocar em prática. O prazer dele era ver seus projetos realizados. Gostava de passar horas contemplando seus empreendimentos, conversando com os empregados e adorava, sobretudo, mostrar às suas conquistas aos seus opositores de percurso, como: “vejam, consegui, deu certo, mesmo a contragosto de alguns”, dizia ele em tom de ironia.

O então “rei das peles”, tinha o costume de receber os amigos em sua residência. Costumava dar festas suntuosas, bailes para a alta sociedade recifense e entre os convidados estavam até mesmo os seus desafetos, pois sabia que as boas relações lhe renderiam frutos no futuro.

O pioneiro da eletrificação do Nordeste – como ficou conhecido – era um homem de cultura invejável para a época. Requinte e bom gosto não lhe faltavam. Era uma pessoa de fino trato, gostava de desfrutar do luxo, das extravagâncias, das novidades da Belle Époque.

Delmiro Gouveia ditou moda na cidade de Recife e exigiu dos sertanejos que trabalhavam com ele na fábrica de linhas que andassem arrumados e limpos. Muitas vezes, cuidou disso pessoalmente ao fazer a inspeção diária dos seus empregados.

Sua vida pessoal é cheia de aventuras amorosas. Algumas tão picantes a ponto de ser a razão pela qual faz com que pesquisadores de sua vida afirmem ter sido esse o motivo de seus dissabores.

Delmiro Augusto da Cruz Gouveia foi casado duas vezes e teve três filhos do segundo casamento, Noêmia Gouveia, Noé Gouveia e Maria Gouveia.

Portanto, pode-se concluir que Delmiro teve uma trajetória de sucesso ao longo da vida. Sucesso esse que poderia ter sido muito mais duradouro não fosse pelo fato de terem lhe tirado à vida ainda jovem, aos cinquenta e quatro anos de idade.

Autoria textual:
Maria Edilene Vieira Nunes / Bacharel em Turismo

Sem dúvidas, Delmiro Augusto da Cruz Gouveia foi um dos maiores empreendedores que o Brasil já teve.

Durante sua vida, Delmiro Gouveia obteve várias conquistas profissionais, primeiro em Recife, Pernambuco, e depois no sertão de Alagoas, onde hoje é o município de Delmiro Gouveia, em sua homenagem.

Destacar-se-á aqui as suas principais conquistas em ordem de importância: começou recebendo o título de “rei das peles”, pois fez sucesso como negociante de peles de animais, ovinos e caprinos, fato esse que o possibilitou erguer uma vila residencial, a qual colocou o nome da sua primeira esposa, Anunciada Cândida Falcão, hoje o Instituto de documentação da Fundação Joaquim Nabuco; implantou também em Recife o suntuoso mercado do Derby (primeiro shopping center do Brasil); além disso, foi dono e/ou sócio de várias empresas dos mais variados segmentos.

Já em terras alagoanas, construiu a Usina de Angiquinho (a primeira hidroelétrica do Nordeste e a segunda da América Latina), criou a Cia. Agro Fabril Mercantil (fábrica de linhas de marca “Estrela”, com mais de mil funcionários e primeiro estabelecimento do gênero a ser implantado na América do Sul), fez ainda uma Vila Operária com sete ruas para os funcionários da fábrica morarem.

As novas moradias eram de alvenaria, sendo que, até então essas pessoas só tinham morado em edificações de taipas. A nova povoação dispunha gratuitamente de água encanada, energia elétrica, saneamento básico, escola, creche, assistência médica e odontológica, cassino, cinema, clube de festas, pista de patinação, campo de futebol, quartel, fábrica de gelo, garagem, lavanderias, grandes armazéns de depósito e 258 casas.

Vale ressaltar que, o empreendedor dos sertões deu mais do que lugar digno aos seus empregados para viver. Cuidou de instruí-los em sua capacitação profissional, exigência da lei trabalhista dos tempos atuais. Além disso, também tratou de submetê-los a novos costumes de convivência, onde o ritmo imprimido vinha das regras implantadas pelo próprio coronel Delmiro Gouveia, tais como: festas só com a autorização do patrão, a feira-livre tinha hora para começar e hora para terminar, se avançasse o sinal no namoro tinha que casar, e daí por diante.

E Delmiro não parou por aí, mas continuou empreendendo e fazendo a diferença por essas terras. Ele construiu mais de quinhentos quilômetros de estradas ligando o povoado Pedra, onde morava, a Garanhuns – PE, Paulo-Afonso – BA, Água Branca – AL, Quebrangulo – AL e Palmeira dos índios – AL.

Portanto, foi por meio do industrial Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, um homem com visão à frente de seu tempo, um empreendedor nato que o desenvolvimento e a modernidade chegaram aos sertões, impactando todo o Baixo São Francisco, o Nordeste, o Brasil e até mesmo fora do país.

Autoria textual:
Maria Edilene Vieira Nunes / Bacharel em Turismo

Delmiro Augusto da Cruz Gouveia chegou nestas terras em 1902 ,vindo fugido de Recife-PE, após ter criado desavenças políticas e comerciais com os pernambucanos . Para piorar a situação, Delmiro trouxe consigo uma moça, Carmélia Eulina, que veio a ser sua segunda esposa, com apenas dezesseis anos de idade, e a contragosto de seus pais, pois não aceitavam a união do casal, já que se tratava de um homem recém separado e arruinado em suas finanças.

Gouveia partiu do porto de Recife-PE em navio a vapor até Penedo-AL, pegou uma segunda embarcação até Piranhas-AL e lá seguiu viagem de trem com destino à estação da Pedra, no povoado de mesmo nome, pertencente ao então município de Água Branca-AL.